segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Resenha: O Livro dos Espelhos


Eu adoro comprar livros que estejam em alta ou recomendados por outras pessoas, mas também adoro quando me presenteiam com alguma história cujo o enredo nunca ouvi falar. Foi assim com "O Livro dos Espelhos". Decidi aproveitar essa oportunidade e nem li a sinopse da contracapa. Foi a melhor decisão, pois quando dei uma olhada após a leitura percebi que revelava demais! É nesta linha de tentar "manter o mistério" que venho aqui contar pra vocês sobre este livro.


Após receber a amostra de um manuscrito sobre um acontecimento de 1987, o agente literário Peter Kartz percebe que está entrando em segredos maiores do que imaginava. Para solucionar as pontas soltas de um assassinato não solucionado e esquecido, Peter busca ajuda em prol da justiça e de um contrato favorável para sua editora.

O livro é dividido em três partes, cada uma com o ponto de vista daquele de irá prosseguir com as investigações. Na primeira, vemos que se trata de um livro sobre um outro livro. O tema memória e esquecimento é pincelado, porém será mais desenvolvido na segunda parte. Na terceira, novos personagens e motivações são apresentadas, finalmente solucionando o crime e dando corpo aos mistérios do manuscrito de 1987. Cada protagonista contribui para a solução do crime de maneira bem demarcada, embora os três sejam idênticos no  estilo narrativo, sempre constante.

A construção dos personagens não é complexa, além de problemas como falta de dinheiro ou agenda cheia serem facilmente resolvidos. Isso deixa a trama rápida e dinâmica, embora eu adoraria que pequenas crises fossem mais aprofundadas, considerando que o autor escreve em sua nota que este não é um livro sobre quem matou, mas sim o porquê.

Não é uma escrita pesada, pelo contrário, mas adulta. Há palavrões, e por tratar da sordidez dos crimes, o autor é prático e seco quanto algumas questões. Não acharia prudente recomendar para ninguém abaixo dos 15 anos, por exemplo.

Mesmo com essas ressalvas pretendo procurar mais do autor, nascido na Transilvânia com uma família de origem romena, húngara e alemã. Este é o primeiro de Chirovici que foi escrito em inglês,  portanto se passa nos Estados Unidos. Gostaria de ter contato com os escritos na língua materna dele, para conhecer melhor seu estilo.

Para uma estudante de Museologia que sempre teve aspirações a jornalista, e ama trama policiais, o enredo foi facilmente engolido. As discussões sobre a memória e a inexistência de neutralidade cumprem seu papel de maneira objetiva e eficiente. O Livro dos Espelhos merece quatro estrelas por ter me tirado de uma baita ressaca literária, além de ter capturado rapidamente minha curiosidade.

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