segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Eleições 2018: o que aprendi sendo mesária


Fui convocada para trabalhar nessas eleições. Houve um misto de cansaço, frustração e aprendizado.  Se você não sabe, o chamado só pode ser recusado em situações muito específicas, então normalmente não há muita escolha. Ainda não trabalho, então infelizmente os benefícios de folga não se aplicaram a mim. Minha recompensa será a grande quantidade de horas complementares. 

Entendo este voluntariado como uma retribuição por parte do cidadão a tudo o que o Estado se compromete em oferecer a ele (ou deveria oferecer). Foi minha primeira eleição trabalhando e votando, portanto, um misto de sensações neste ano tão turbulento para nossa política.

1 - Educação e consciência cidadã
Não é brincadeira, gente. Perdi a conta de quantos se perdiam no que iam votar e claramente trocavam seu candidato na hora sem hesitar, pelos mais diversos motivos. Mesários devem tentar ajudar até onde for possível em caso de dificuldade, sem interferir no sigilo voto. Sabemos que a neutralidade é um mito, mas é comum pedir para pessoa conferir se está digitando corretamente, dar o caderno com o número de todos os candidatos e fazer perguntas sem ir até a cabine. Mais do que nunca acredito que acesso à educação é a chave para um democracia mais eficiente e consciente.

2 - As pessoas não exercem seus direitos
Atuei na maior parte do tempo como 1ª secretária: organização da fila e dos documentos, esclarecimento de dúvidas, checagem da cabine de votação nos intervalos, auxílio aos mesários. A coisa que mais fiz foi checar se havia alguém que se enquadrasse na longa lista de prioridade no atendimento. Normalmente, havia sim. A grande questão é que as pessoas esperavam que fossem perguntadas ou solicitadas para exercer este direito. Poucos foram os pró-ativos, que se colocaram afirmando e exercendo sem hesitação. Deixo aqui este questionamento: você conhece e exerce seus direitos?

3 - Transparência 
Referente ao que acontece na seção eleitoral você não precisa se preocupar com manipulação de votos: antes do horários há emissão da zerésima (todos os candidatos com votos igual a zero), além do boletim de urna impresso e preso na porta ao fim do dia com código QR para comparar a apuração com o que é divulgado na internet. Ainda sobre conhecer seus direitos, você poderia baixar o aplicativo Mesário, que abrigava todos os manuais de procedimento nas mais diversas situações durante o fluxo de votação. Para confiar, é preciso compreender todas as etapas. Se você quer desconfiar das outras instâncias é um direito seu, mas sobre esta etapa, atuar como mesária me ajudou a me sentir parte desta grande engrenagem de maneira mais intensa.

4 - A democracia importa, é necessária e deve ser protegida
Uma frase idealista, inocente ou utópica? Talvez, mas prefiro o termo realista. Vi pessoas de todos os tipos, nomes, idades, cores, sexo e contexto cultural. Todas elas com o mesmo valor na hora de opinar em nossos representantes. Isso é poderoso e poético. O voto obrigatório ainda divide opiniões - particularmente, sou contra -, porém não deixe que isto te impeça de enxergar o valor deste momento. Se for votar em branco, sinta dor por isso e fuja ao máximo desta opção.

Felizmente, não vou trabalhar no 2º turno. Sobra mais tempo pra me preocupar só com as pesquisas pro voto mesmo. Afinal, além da atuação no dia, temos que cumprir o treinamento online. E você? Já vota ou já trabalhou em alguma eleição? Deixe suas opiniões nos comentários, vou adorar conversar!

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