segunda-feira, 13 de agosto de 2018

O que a Museologia pode nos ensinar sobre prioridades


Uma notícia pra você: tudo que é orgânico vai desaparecer. O museólogo, o conservador, o restaurador estão aqui só para tentar retardar ao máximo esse processo, desde o cuidado com o ambiente até as interferências mais fortes nos objetos. Aprendi que não dá pra guardar tudo. Não dá pra salvar tudo. É humanamente impossível. Fisicamente impossível, pois onde guardaríamos toda a produção cultural do mundo? Algum coisa precisa ir embora, portanto escolhas do que seria mais importante ou não são feitas a todo momento.

Na nossa vida acontece o mesmo e é isso que estou tentando aprender todos os dias. Não sou capaz de controlar tudo, não sou capaz de cuidar de tudo, não sou capaz de fazer tudo sozinha. O tudo é humanamente impossível.  Escolhas são necessárias, sejam elas grandes, pequenas, fáceis ou difíceis; leves ou pesadas; rápidas ou demoradas. Preciso optar por aquilo que é mais importante, aquilo que fará maior diferença ou falta.

É o que dizem: ninguém "não tem tempo" de fazer algo, simplesmente aquilo que você pediu não é importante para ela. Por que não assumimos nossas prioridades claramente? Temos medo. Eu tenho medo. Pavor. Terror. Responsabilidades assustam, a diferença está naqueles que disfarçam melhor do que outros este fato. Ou ainda, naqueles que são bons em compartilhar. 

Prioridades requerem coragem, autocrítica. Sinceridade. Entender que um quadro de 1800 precisa de mais cuidados do que aquele feito em 1920, ainda que queiramos fazer tudo. Annabeth, minha personagem preferida de todos os tempos diz algo parecido: um dos grandes heroísmos, foi aprender que suas capacidades não eram suficientes. E fazendo um retrospecto, grande parte dos meus protagonistas favoritos precisaram abdicar algo: a si mesmos, alguém, alguma coisa.

Escolhi tentar ser mais transparente, tentar não levantar uma cortina de fumaça para meu próprio eu. Nosso heroísmo precisa ser abdicar do orgulho todos os dias, da pretensão de não priorizar nada e perder tudo. Quem sabe assim fico mais próxima dos meus mundos preferidos, tentando trazer um pouco deles pra essa realidade caótica. Mais uma escolha para lista. Terei que priorizar um deles, não caberiam todos na mala. 

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