Que ventania! Saí correndo do restaurante e nem me despedi... Ah, mas que culpa isso me deu! Fiquei depois repassando a cena me perguntando se caso eu agisse diferente naquela noite, tudo teria mudado. A nossa conversa, cheia de nervosismo não me deixou raciocinar. Desculpe se te ofendi, porque agora pode ter certeza: tudo o que me mais quero é uma mensagem sua ou uma ligação. Qualquer coisa. Qualquer forma de comunicação sua, porque eu não consigo apetar o enviar. Estou com medo da sua reação. Não suportaria ser visualizada de não respondia, porque do jeito que eu estou ansiosa pra te ver de novo, entenderia isso como rejeição.
Estou tentando comer meu almoço, mas não consigo engolir. Estou tão enjoada. Tão abalada. As palavras não ditas parecem dizer muito mais ecoando na nossa imaginação, sendo nosso eterno "e se..." de que tanto ouvi falar. Agora você faz parte dessa minha caixinha abstrata que relutei em não me apegar.
Só que não tinha como. Ficamos tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes, não é mesmo? Nem te perguntar o que havia acontecido e consegui naquele jantar. Ai meu Deus, aquele jantar. Minhas pernas doem de tanto que corri pra chegar na hora, e pelo tanto que corri pra depois ir embora na mesma intensidade que cheguei. Não estava pronta pra sua frieza.
E agora, o meu celular está lá no canto da mesa. Dói pegá-lo e ter que lembrar que não sou corajosa o suficiente pra te mandar uma mensagem perguntando se podemos marcar novamente um encontro. Eu deveria ser mais adulta, sei disso. Deveria estar enfrentando o problema ou esquecendo de vez de tudo ou buscando a solução. Mas não consigo. A única coisa que preciso fazer agora é tentar engolir esse almoço que preparei. Só tentar, pois a fome nem apareceu.
Ainda acho que o "ser adulta" é meio relativo, mas enfim. Isso é tema pra outra folha amassada de qualquer caderno que eu achar aqui pelo quarto. Se eu achar alguma coisa né, afinal só vejo minhas roupas espalhadas daquelas duas horas que eu passei tentando decidir o que vestir pra te encontrar.
Parece que tudo agora me lembra aquele jantar; aquela mensagem que está ali pronta pra ser enviada. Tudo hoje me lembra minhas dúvidas e até minhas certezas mais profundas, só que nada disso vai me fazer entender o que está acontecendo. Acho que nem você entende, na verdade. Não te culpo, sinceramente. Assim a gente pode compartilhar nossas dúvidas na conversa que vamos ter amanhã. Que por sinal, estou marcando contigo agora mesmo. Chega de fazer teorias. Chega de me esconder.
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